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Motivação para este site

Um breve texto sobre o que me motivou a criar esse site, finalmente, com um propósito.

October 11, 2025

Há tempos reflito sobre como a internet mudou. Sobre como a nossa relação com a tecnologia se transformou e como as novas gerações não viveram o surgimento de conexões que iam além do físico, numa época em que tudo era novidade. A forma como lidamos com a tecnologia hoje, com sua urgência descabida e sua dopamina constante, me irrita e entristece profundamente. Acredito que, conforme envelhecemos, nos tornamos aquilo que jurávamos jamais ser: as pessoas que dizem “no meu tempo”. Mas, para além da pura nostalgia, sinto que as coisas realmente se tornaram mais complicadas e tóxicas.

Matrix - 1999

Embora não exista um consenso estrito sobre as “eras” da internet, a Web 1.0 foi marcada pelos textos, pela anarquia criativa, pelos webrings, pela exploração de recursos e por conexões genuínas. Gosto de pensar nessa época como um jardim digital. Embora o termo hoje descreva uma coleção de pensamentos interconectados que evoluem com o tempo, naquela época a sensação era outra: você entrava sozinho nesse jardim e descobria mundos. “Poucas pessoas” estavam lá; era a era da internet discada. Até o final dos anos 2000, nossa relação com a internet era menos “produtizável”, menos rentável. E então, tudo mudou.

Com a Web 2.0, chegaram as redes sociais e a informação começou a trafegar de maneira exponencialmente mais rápida. Mais pessoas acessaram a internet com a popularização da banda larga, o advento dos smartphones e a queda nos preços dos computadores. Com o tempo, os dados passaram a ser a nova mina de ouro. A publicidade invadiu os sites, os blogs como os conhecíamos foram sendo extintos e a antiga busca por diretórios foi substituída por indexações automatizadas, feitas por “robôs” cada vez mais eficientes. Views e clicks assumiram o protagonismo, e passamos a viver conectados pelo medo de estar perdendo algo.

Como se isso não fosse ruim o bastante, matando as páginas simples que se conectavam por links e a própria ideia de descoberta, entramos na era que alguns chamam de Web 3.0. O que vemos é uma enxurrada de bots produzindo páginas e textos em troca de cliques para gerar receita. A qualidade despencou e, para completar, a sensação do momento é que a IA joga a pá de cal sobre o que ainda restava de criativo e manual. Tudo é bot, tudo é raso, tudo é em escala industrial e tudo é scroll infinito. Nosso cérebro já nem aguenta tanta informação, e essa realidade me esgota.

Durante toda essa jornada, acompanhando a evolução da web, sempre senti falta de algo que fizesse mais sentido. Essa sensação está muito ligada à banalização do conhecimento, inclusive o técnico. Hoje, vemos uma proliferação de “soluções” criadas com IA que são ocas, construídas sobre uma base frágil como areia, sem profundidade ou intenção real.

E foi por mera coincidência que encontrei as filosofias que tem norteado a mim e a este site, você pode encontrar no Manifesto. São filosofias voltadas a construir tecnologia de forma artesanal, compreendendo as ferramentas que usamos, criando para pessoas, não para algoritmos. É sobre valorizar o pequeno, o pessoal, o site que é um fim em si mesmo, e não um meio para vender algo e que não busca engajamento, apenas uma voz. É reencontrar o prazer na criação digital manual, na conexão genuína entre páginas e, principalmente, entre pessoas. É a minha forma de cultivar, hoje, aquele mesmo jardim digital que um dia me encantou.

A antiga web não morreu ela nos foi tirada propositalmente em prol do lucro.

Tags: sobre , reflexao , IA , internet , engenharia-de-software